A história do sutiã
Não é de hoje que as mulheres lutam por seus direitos, e infelizmente já está se tornando permanente. E igualmente às mulheres, o desejo de liberdade também passou pela história da lingerie. Sim, o sutiã está conectado aos padrões de comportamento feminino e à relação das mulheres com seus corpos desde sempre.
Há relatos, por exemplo, no Império Romano e na Grécia Antiga, onde mulheres amarravam faixas de algodão, linho ou lã aos corpos para praticarem esportes. Esse foi o primeiro sinal do “sutiã da Antiguidade”. Mas a peça só se popularizou no formato de top, como conhecemos hoje, depois da Revolução Industrial, onde o ritmo de vida mudou e os corpos precisavam ter mais agilidade e conforto para o trabalho. Assim, os espartilhos se modernizaram e surgiram outras peças para substituí-los.
ESCONDE-EXIBE
Como a moda sempre estava junta ao movimento social de seu tempo, na década de 1920 os sutiãs se transformaram em itens indispensáveis para as flappers (mulheres que frequentavam os salões para dançar ao som das jazz bands e que eram a expressão máxima da emancipação feminina). O espírito livre era representado pelos cabelos bem curtos, as danças provocativas e os movimentos sem regras. O visual “bissexual”, obrigatório da época para as moças consideradas mais ousadas, era reforçado pelo sutiã que achatava o busto.
Um pouco mais pra frente, nos anos 50, tudo mudou. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o requinte e a feminilidade voltaram à cena, principalmente por conta da alta costura, que entrava em grande evidência. Neste momento, as roupas íntimas ganharam status de beleza. Para valorizar ainda mais os seios, os sutiãs aparecem com bojos rígidos e formato circular. Tudo para ressaltar a sensualidade e aproximar as mulheres do clima fashion das musas do cinema hollywoodiano, como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield.
O AMOR PRÓPRIO
Na década de 60, surgem mais mudanças. Desta vez, o sutiã foi alvo e símbolo de protestos, em nome do fim da opressão aos corpos femininos. Durante o concurso Miss America, de 1968, ativistas juntaram as peças íntimas a revistas, cílios postiços, sapatos de salto alto e juntamente, ameaçaram colocar fogo. O que foi proibido pela prefeitura. Elas gritavam pela desconstrução da imagem da mulher que tinha que seguir um modelo inalcançável de perfeição imposto pela sociedade e que como obrigação seduzir, principalmente os homens. A atitude incendiária, mesmo que simbólica, ficou marcada para sempre na trajetória de luta das mulheres – e na história do sutiã também.
Hoje, acompanhando a essência do nosso tempo, o sutiã se transformou em ferramenta no exercício do “autoamor” e da aceitação dos nossos corpos assim como são, diversos. Ignorar os padrões, vestir uma peça para você mesma e sentir-se livre, confortável, linda, sensual, isso é, também, revolucionário. Usamos o que queremos, como queremos! E essa peça queridinha continua parceira na jornada – seja para “dar um up” na autoestima, para nos deixar mais autoconfiantes ou até para protagonizar um look incrível. Afinal, quem não gosta? Viva a liberdade de escolher ser quem a gente quer ser!